Pratique a paz na escola, em casa e em qualquer
lugar
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PRATIQUE A PAZ
A Cultura da Paz se faz nas pequenas ações do
cotidiano: no nosso jeito de nos comunicar com os outros, na nossa forma de
lidar com conflitos e sentimentos como frustração e raiva, na nossa
capacidade de reconhecer e valorizar as diferenças e de sermos tolerantes.
Cada um de nós pode ser um construtor da Paz. Cada um de nós pode influenciar com sua maneira de agir o grupo de pessoas que nos cercam a serem construtoras da Paz.
A vida exige de nós muitas ESCOLHAS. Você pode
incluir, entre suas escolhas fundamentais, ser um Construtor da Paz. Ao fazer
esta opção, você estará dando a sua vida e a seus relacionamentos mais
qualidade e estará construindo uma sociedade mais saudável, em que os valores
de não-violência predominem. Nossa mudança interior e a responsabilidade de
cada um de nós por essa mudança é o caminho para uma Cultura de Paz
verdadeira e duradoura.
Veja nas páginas seguintes as sugestões e dicas
que preparamos para que você se junte a nós e aprimore a sua capacidade de
ser pacífico.
É simples mas não é fácil. A Cultura da Paz é um
trabalho para a vida toda.
Boa leitura!
RESPEITE AS REGRAS PARA CONVIVER BEM EM GRUPO
Você já imaginou como seria a
vida em uma cidade sem regras? Pois é... para conseguirmos viver em grupo e
em sociedade, precisamos de algumas regras que garantam o bem–estar
individual e coletivo. Elas são referências para sabermos como agir nos
diferentes contextos: família, escola, trabalho, trânsito, igreja, entre
outros. Para que sejam valorizadas e respeitadas, é muito importante que
sejam construídas de forma coletiva e democrática e, é claro, praticadas no
dia-a-dia.
Quais são as regras que você considera mais
importantes na sua casa? No seu trabalho? Na sua escola? Entre seus amigos e
colegas? Na sua comunidade? Elas têm sido respeitadas por você e pelos
demais?
SEJA
RESPONSÁVEL PELAS SUAS ATITUDES
Nossas ações às vezes têm
conseqüências indesejadas. Quem já não deu um esbarrão em alguém por estar
distraído ou apressado? Quem já não disse coisas para um amigo que o deixaram
mal e chateado? Muitas vezes agimos sem pensar nas possíveis conseqüências
dos nossos atos. Aí aparece aquela vontade de se justificar e “tirar o corpo
fora”. Muitos conflitos e agressões surgem de situações em que jogamos a
culpa no outro. Que tal experimentar reconhecer com mais freqüência a nossa
parcela de responsabilidade nas situações do cotidiano?
NÃO
SEJA OMISSO
Chegou a hora de recordarmos o significado da
palavra omissão. Para isto, que tal buscarmos alguns exemplos? (Lembre-se:
Deixar passar a chance de ajudar alguém e não denunciar uma violência são
formas de omissão).
Responda:
• Estudar ou trabalhar em um local sujo e não
fazer nada em relação a isso. É ser omisso?
• Estar passando em frente a uma quadra de
esportes e uma bola ser arremessada por cima do muro em sua direção.
Arremessá-la de volta à quadra é ser omisso?
• Estar no terminal de ônibus, ver alguém precisando
de uma informação e não oferecer ajuda. É ser omisso?
Coloque em prática uma ação contrária à omissão.
Vale a pena tentar! Lembre-se que sua atitude sempre estará servindo de
exemplo!
“ATAQUE” O PROBLEMA E NÃO AS PESSOAS
Imagine que você não fez algo
que havia combinado com um amigo. Este amigo diz para você: “- Mas, também,
eu não podia esperar outra coisa... você é uma porta de burro!”. Agora
imagine o mesmo amigo falando de uma forma diferente: “- Se você não tinha
entendido o que era para você fazer, por que não me perguntou?” Como você se
sentiria em cada uma dessas duas situações? Qual é a diferença entre esses
dois jeitos de falar? Quando criticamos as pessoas, agravamos os conflitos.
Por outro lado, quando tratamos do problema sem “atacar” as pessoas, mantemos
as portas da comunicação abertas e podemos encontrar soluções juntos.
CONVERSE
PARA RESOLVER
Muitas vezes, quando estamos
tendo um problema ou um conflito com uma pessoa, evitamos encontrar ou falar
com ela para que a situação não se agrave. E isso resolve? NÃO! E pior: às
vezes contribui para que o problema aumente, porque cada um fica no seu
canto, pensando sobre o que o outro está pensando. Buscar restabelecer a
comunicação e o diálogo é fundamental para que cada um possa dizer para o
outro como vê o problema e tentar entender o ponto de vista do outro sobre a
situação. Dessa forma, não é mais um contra o outro, mas os dois juntos,
buscando possíveis soluções para o problema.
COMUNIQUE-SE
DE FORMA CLARA
Lembre-se de discussões e bate-bocas
que você já teve com amigos e pessoas da sua família. Que coisas contribuíram
para que a discussão se agravasse? Cada um de vocês estava falando exatamente
da mesma coisa? Cada um ficava tentando interpretar o que o outro queria
dizer? Cada um estava mais preocupado em falar do que em entender o que os
outros estavam falando? Estas são apenas algumas das coisas que atrapalham a
nossa comunicação. Por esses e outros motivos, é importante que façamos o
exercício de confirmar se aquilo que estamos entendendo é realmente aquilo
que as pessoas querem nos dizer. Para tanto, podemos fazer perguntas e/ou
repetir o que entendemos. Comunicar-se não significa apenas preocupar-se em
falar, mas também verificar como aquilo que falamos foi compreendido e buscar
corrigir os mal-entendidos que podem ter surgido no meio do caminho.
OUÇA
COM ATENÇÃO
Quando estamos conversando,
temos muita vontade de dizer o que pensamos e expressar nosso ponto de vista.
Isso fica ainda mais “tentador” quando as pessoas com quem estamos
conversando têm idéias diferentes das nossas. Nossa! Mal podemos esperar a
hora de falar e, ao invés de ouvir o que o outro está falando, já estamos
pensando no que vamos dizer em seguida. Que tal “desacelerar” e experimentar
realmente ouvir o ponto de vista do outro, procurando entender o que ele quer
dizer? Ouvir não significa ter que abrir mão de nossa própria opinião. Ouvir
significa que podemos ser mais flexíveis e ver uma situação de um ponto de
vista diferente do nosso.
CONVERSE AO INVÉS DE ACUSAR
Imagine que um amigo seu o
deixou na mão. Que coisas a gente tende a dizer nesse tipo de situação?
"Pô cara, você não tá nem aí com os outros, não é? Só se preocupa com
você mesmo. Você vai ver só...". Quando não gostamos de algo que alguém
fez conosco, nossa tendência é acusar, agredir, atacar. Que reação você acha
que a outra pessoa vai ter? Provavelmente ela vai se sentir pressionada e
acuada e vai tentar contra-atacar para se defender. Uma forma alternativa e
mais positiva para lidar com esse tipo de situação é deixar a raiva passar um
pouco e depois ir conversar com a pessoa, falar de como nos sentimos, de como
a situação nos afetou e de como gostaríamos que a pessoa agisse da próxima
vez. Você já experimentou fazer isso?
EVITE
DAR SERMÕES
Quem gosta de ouvir um sermão
quando chega tarde em casa? Quem gosta de ouvir pela milésima vez que deve
ter mais responsabilidade? Quem gosta de ser repreendido por ter esquecido um
compromisso? Como é que você tende a reagir quando alguém lhe dá um sermão?
Se você também não gosta, evite fazer discurso sobre a falha dos outros. A
reação de quem está se sentindo acusado é defender-se – não é reconhecer a
falha. Que tal experimentar falar de como você se sentiu ao passar pela
situação, do que gostaria que fosse diferente e ouvir o outro, ao invés de
dar sermão? Essa atitude ajuda a outra pessoa a ficar menos na defensiva, a
entender os seus sentimentos e a refletir sobre a situação.
ESTEJA
ATENTO AO SEU JEITO DE FALAR
Quando falamos com as pessoas,
muitas vezes não nos preocupamos muito com o nosso jeito de falar: xingamos,
gritamos, somos irônicos, desrespeitamos, desmoralizamos. Outras vezes, nos
preocupamos com as palavras que usamos, mas não percebemos coisas importantes
no nosso jeito de falar: fazemos "caras e bocas" porque não
gostamos da pessoa ou do que ela está nos dizendo, ou prestamos atenção em
tudo o que acontece ao nosso redor menos no que a pessoa está nos dizendo, ou
somos agressivos e arrogantes em nosso tom de voz. Apesar de muitas vezes nós
mesmos não percebemos que estamos fazendo isso, as pessoas com quem estamos
falando geralmente percebem, e isso pode gerar conflitos e atritos em nossos
relacionamentos. Precisamos "nos desarmar" e estar atentos às
coisas que dizemos - as palavras que usamos - mas também a tudo aquilo que
fazemos com o nosso corpo ao dizer essas coisas: nosso tom de voz, nossos
gestos, nossas expressões faciais, nossos comportamentos.
TRATE
OS SENTIMENTOS COM RESPEITO
Você sente raiva, ciúmes, medo,
tristeza, frustração, insegurança? Apesar de não gostarmos de ter todos esses
tipos de sentimento, eles fazem parte da nossa natureza e podem ser muito
úteis. O medo, por exemplo, nos deixa alertos e preparados para enfrentar ou
escapar de perigos que possam nos fazer mal. Portanto, não devemos “fazer de
conta” que eles não estão lá quando estão. Ao mesmo tempo, não precisamos
descontá-los agredindo os outros. O mesmo vale para as outras pessoas: elas
também têm sentimentos “negativos” e têm o direito de senti-los. Um filho, por
exemplo, tem o direito de ficar com raiva dos pais quando esses não o deixam
fazer algo que quer muito. Porém, ele não precisa agredi-los. Quando a raiva
passar, uma boa coisa a se fazer é sentar e conversar sobre o que aconteceu.
APRENDA
A LIDAR COM A RAIVA
Busque em sua memória algum
momento, alguma situação, em que você ficou realmente com muita raiva. Pode
ter sido na escola, em casa, na rua, no trabalho, com a família, talvez com
alguém que tenha “pisado feio na bola” com você. Quando foi esse momento em
que você ficou com raiva? Em situações como esta, como você reage: (a) como
uma panela de pressão, engolindo sapo, e explodindo por dentro?; (b) sai
dando tiro pra tudo quanto é lado, descontando no primeiro que aparece pela
frente?; ou (c) você prefere transformar a sua raiva em sentimento de pena -
pena de si mesmo, fazendo-se de vítima, chorando para alguém ou para si
mesmo? E hoje, você já tratou dessa raiva ou ela ainda o(a) está machucando,
deixando aquela dor em seu peito toda vez que você lembra dessa pessoa ou
daquilo que aconteceu?
ESCOLHA UM BOM MOMENTO PARA “CONVERSAR PARA RESOLVER”
Se você já deu uma olhada nas
dicas para uma boa comunicação, já deve ter percebido que às vezes uma
simples atitude como “esperar a poeira baixar” e os ânimos se acalmarem pode
fazer uma ENORME diferença na hora de lidar com um problema ou um conflito.
Da mesma forma, cuidados com a escolha do local – de preferência um lugar
reservado e longe dos olhares de “curiosos” – também ajudam as pessoas
envolvidas em um conflito a conversar de forma mais aberta e menos defensiva.
BUSQUE
SOLUÇÕES JUSTAS PARA OS CONFLITOS
Quando ouvimos a palavra
“conflito”, a maioria de nós pensa em coisas negativas, como brigas,
bate-boca, agressão física, guerras, insultos, entre outros. Entretanto, os
conflitos em si não precisam ser negativos. Eles surgem como consequência da
diferença de idéias, valores, opiniões, crenças, pontos de vista e escolhas
entre as pessoas. Por que, então, sentimos que conflitos são ruins? O fato de
um conflito ser construtivo ou destrutivo não depende tanto do conflito em
si, mas sim da forma como lidamos com eles. Para que possamos utilizar nossos
conflitos como uma oportunidade de crescimento, precisamos:
• Não olhar para a outra parte como inimiga.
• Trabalhar juntos para buscar uma solução. • Buscar soluções em que todas as partes envolvidas saiam satisfeitas.
Para isso,
eis algumas dicas para solucionar conflitos:
1) Identifique o problema;
2) Concentre-se no problema; 3) Ataque o problema, não as pessoas; 4) Escute com a mente aberta; 5) Trate o sentimento das pessoas com respeito; 6) Tenha responsabilidade pelos seus atos. ENCONTRE SOLUÇÕES CRIATIVAS PARA OS PROBLEMAS
Diante de um apelido ou de uma
provocação, muitas vezes podemos “deixar entrar por um ouvido e sair pelo
outro”. Podemos também experimentar lidar com as situações difíceis de forma
mais “leve”, rir um pouco das situações e de nós mesmos. Que tal brincar
mais, expressar nossas idéias de formas criativas e atrativas? Muitas vezes,
com um simples sorriso conseguimos “desarmar” as pessoas.
RESPEITE
AS DIFERENÇAS
O que é uma boa escola para
você? E uma boa cidade para se morar? O que é ser um bom pai, uma boa mãe e
um bom filho/a? O que significa ter sucesso na vida? Violência resolve? Se
você fizer essas mesmas perguntas para outras pessoas, provavelmente vai ter
algumas respostas parecidas com as suas e outras bem diferentes. Isso
significa que algumas respostas estão mais "certas" do que outras?
Na verdade, isso nos mostra que as pessoas acreditam e pensam de forma
diferente umas das outras, porque tiveram experiências de vida diferentes.
Entretanto, muitas vezes temos tanta certeza de que o nosso jeito de ver as
coisas é o jeito CERTO, que acabamos discutindo ou brigando com as pessoas
que têm pontos de vista diferentes dos nossos para defender a nossa verdade.
Respeitar as diferenças não significa abrir mão de nosso próprio ponto de
vista. Respeitar as diferenças significa ser flexível e buscar compreender
pontos de vista e jeitos de ser diferentes dos nossos. Observe-se: como você
tende a agir com pessoas que pensam ou são diferentes de você?
APRENDA
A LIDAR COM A ‘PRESSÃO DA TURMA’
Cada um de nós faz parte de
vários grupos: a nossa família, a turma do prédio ou do bairro, os amigos da
escola ou do futebol, os colegas de trabalho, as amigas do inglês. Cada um
desses grupos tem o seu próprio jeito de funcionar e as suas “exigências”
para que sejamos “bem-vindos”. Ao mesmo tempo, cada um de nós tem o seu
próprio jeito de funcionar, que também precisa ser respeitado. Saber lidar
com a “pressão da turma” significa poder dizer “não” ou “sim” ao que os
grupos dos quais fazemos parte desejam de nós, respeitando o que realmente
queremos, de maneira clara, direta e sem usar da violência.
ARRISQUE-SE
A FAZER DIFERENTE
Conversar ao invés de discutir
ou bater. Ouvir ao invés de falar sem parar. Contar até mil para se acalmar
ao invés de xingar. Para a maioria de nós, viver valores de Paz implica
mudanças de valores, crenças, formas de sentir e perceber, atitudes,
posturas... enfim, mudanças no nosso jeito de ser. Muitas vezes desejamos
essas mudanças porque não gostamos de “perder as estribeiras” nem de fazer
coisas que magoam as pessoas que amamos. Acreditamos que podemos nos tornar
pessoas ainda melhores do que já somos ou sentimos que precisamos mudar
porque o nosso jeito atual de ser nos faz mal.
Mudar não é uma coisa que a
gente faz do dia para a noite. Para uma pessoa que está acostumada a bater
para resolver, por exemplo, xingar ao invés de bater pode ser um avanço,
gritar ao invés de xingar pode ser outro e ter vontade de gritar e conseguir
não gritar é mais um passo em direção ao grande objetivo, que pode ser
“conversar para resolver”. Mudar exige muita coragem, determinação e esforço.
O que você tem vontade de mudar ou acha que pode mudar no seu jeito de ser
para contribuir ainda mais para a Construção de uma Cultura da Paz?
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