quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Livros Indicados para Mediação de Conflitos








Celso Sisto
Eles que não se amavam
il. André Neves
Nova Fronteira, 2005
32 pp.


O título nos dá
uma pista preciosa,
pela escolha do tempo verbal: o imperfeito do indicativo sugere esperança de algo que pode ter-se concretizado no presente ou que venha a sê-lo, talvez, no futuro. E
é exatamente esta a tônica do livro de Celso Sisto,
uma parábola que induz o leitor a refletir sobre
temas perturbadoramente atuais e cotidianos
— a indiferença, o egocentrismo, a antipatia gratuita,
o preconceito e, sobretudo, a intolerância.

A narrativa começa com o desencontro
de interesses, de gostos, de opiniões entre dois meninos,
o Alberto e o Bernardo. Essa falta de afinidades poderia
ser inconseqüente, contudo, ninguém se engane:
o autor desde o início definia-a como “um abismo”.
O mútuo malquerer vai contaminando primeiro as respectivas famílias, depois os amigos, mais tarde o círculo social, até atingir uma escala coletiva, mundial, capaz de gerar violência e guerra, de destruir, enfim, aquilo que se convencionou chamar de civilização. Mas, no auge desse antagonismo, despertada pela desesperança, a razão — ou a “humanidade” — adormecida nos dois personagens acaba por convencê-los de que, com um pouco de boa-vontade de ambas as partes,
é possível se abrir uma perspectiva de paz.

Texto poético, embora agudo, enxuto, embora crie
até neologismos, Eles que não se amavam talvez seja,
por enquanto, o melhor que o autor já produziu.
Não somente porque sua história tem uma universalidade temática que a faz interessante para o aluno e seu professor, para a criança e seus pais, para qualquer leitor, enfim. Mas também porque teve a felicidade de encontrar nas ilustrações de André Neves o contraponto perfeito de sua mensagem.

Ilustrador tão reconhecido quanto o escritor, ele
imprime sua marca singular ao livro, ao mesmo tempo que lhe dá também “personalidade própria”. Ou seja, as figuras humanas como sempre dramaticamente distorcidas, com seus imensos olhos oblíquos; as cores intensas, fortes,
às vezes sombrias, o que é equilibrado pelo efeito lúdico das colagens. Porém, não apenas mais um grande trabalho de André Neves e sim uma (belíssima) parceria com Celso Sisto, que, não há dúvida, vem assinada pelo coração de ambos..











Resenha de
Ângela Leite de Souza
AEI-LIJ/MG

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